Você me dá uma nova vida.
me faz nascer de novo.
Vaguei por tanto tempo, foi você quem me guiou pelo labirinto.
Essa chuva está acabando eu não vou mais soltar sua mão. Você sabe que eu quero esse lar, você sabe que meu lar é você!"

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Os dias passam rápido no Brasil, Eliza vai levando a vida, cuidando de seu bebê com a ajuda de sua mãe. Ele está crescendo a cada dia, já com dois meses e meio.

Seu filho já está mais gordinho e espertinho, já observa as coisas e até solta alguns sorrisinhos pois já reconhece sua mãe e sua avó. Ela se vê sem tempo pra nada ultimamente. Às vezes se dá conta de que já é meio dia e ainda nem tirou o pijama.

Certo dia, Eliza está preparando o banho do pequeno, Bryan. Ele chora como se não houvesse amanhã, enquanto Eliza percebe que seu chuveiro queimou. Ela pega a banheira azul e antes de descer, avisa sua mãe:

- Mãe! Vou pegar água quente no outro banheiro, poderia cuidar do bebê pra mim? - Ela desce apressada.

Mas o que Eliza não sabia era que sua mãe havia saído para resolver algumas coisas rápidas. Enquanto isso o pequeno não para com o berreiro um segundo, fazendo com que Ronald venha ver o que estava havendo.

- Mas o que se passa aqui nesse quarto?! - Ele para na porta e não vê ninguém. - Mas como Eliza e Lara saem assim, sem avisar e te deixam num berreiro desse tamanho?! - Ronald caminha falando como se conversasse com o pequeno.

Ele se aproxima e vai colocando a cabeça no berço devagar, meio receoso, até aparecer finalmente àquelas bochechas gordinhas bem diante dos olhos de seu avô pela primeira vez!

- Oh!...

Ele para, vê que o pequeno se cala um pouco ao perceber que alguém está ali.

- Então... V-você é o meu neto?!... - Ronald engole a seco ficando sem ação, enquanto seu olhar se cruza com o azul dos olhos do pequeno.

Por um momento nunca esperado, o pequeno Bryan, abre um lindo sorriso desdentado para seu avô. Ronald não soube dizer o que sentiu realmente naquele exato momento, apenas que pareceu ser completamente tocado por aquele sorriso.

O sorriso mais lindo que ele já poderia ter visto em toda a sua vida. Mas Bryan, coloca as mãos na boca e começa a sugar como se estivesse com fome, e logo em seguida continua com o berreiro que só faltou deixar Ronald surdo.

- Ora, mas não tem ninguém aqui para cuidar dele?

Ele se vira olhando para a porta aberta, mas nada, então Ronald decide. Ele coloca as mãos embaixo dos bracinhos do pequeno, o trazendo para seu colo, meio desajeitado. Ele é tão fofo e macio, seus cabelos claros e finos já mais crescidos, lhe caem sobre os olhos, obrigando o "Sr coração de pedra" a colocá-los para trás, mas isso lhe caiu no pequeno como um carinho, fazendo-o abrir outro lindo sorriso.

E dessa vez quebrando por completo o coração de pedra de Ronald. Uma coisa que nem ele sabia que ainda existia dentro dele e que Bryan alcançou sem saber! O fazendo esquecer por um momento o mundo que o rodeia, até mesmo seu próprio nome.

- Você é t-tão... Lindo! - Finalmente ele consegue abrir a boca num sussurro. - Sabia que você é o ser mais fofo que eu já vi? - Ele sente-se bobo enquanto conversa com Bryan e o vê abrir mais um sorriso. - Oh! Já chega, não sorria mais para mim desse jeito, pequenino! - Enquanto ele sacode Bryan com cuidado nos braços, ele conversa com voz serena e acaba se dando conta de que está completamente apaixonado! Assim como foi com sua filha pela primeira vez que a viu tão pequena.

Mas logo Eliza entra no quarto carregando a banheira com água, junto com sua mãe, que acabara de chegar também. Elas param de caminhar e ficam paradas olhando para Ronald. O silêncio toma conta, enquanto estão vendo Ronald, dentro do quarto com o pequeno nos braços.

- Pai... Porque está com Bryan nos braços? - Eliza deixa a banheira na cama e vai ao encontro de seu filho o pegando, olhando confusa com tal ação, chegando apensar no pior.

- Eh!... Eu estava no meu descanso, quando vocês sumiram e deixaram o pequenino aí sozinho! - Ele se vira arrumando seu colarinho.

Eliza arregala os olhos ao perceber que ele chamou seu filho de um modo carinhoso.

- Eu tive que vir ajudar, afinal de contas eu não ia deixá-lo aí aos berros não é?!

- Claro que não pai. Entendi perfeitamente. - Eliza abre um pequeno sorriso em direção de sua mãe. - Obrigada por cuidar dele pra mim. E o que achou de seu neto agora que o conheceu finalmente?

Ronald se vira e se aproxima dele já nos braços de sua mãe. Ele ia pensar em algo para dizer, mas percebe que olhar para Bryan o deixa todo bobo, não conseguindo esconder um sorriso.

- Ele é lindo!...  Afinal de contas, ele não teve culpa de nada do que aconteceu, eu me lembro de quando você tinha esse tamanho! Era tão indefesa, precisava de todo o cuidado, assim como meu neto.

- E agora que você diz isso? - pergunta Lara, mostrando certa ironia na frase.

- Obrigada por isso! - Eliza parece não acreditar.

- Eu vou para o meu quarto, se precisarem de algo, me chamem.

Se passaram exatamente dois longos meses. Eliza está sentada no sofá com seu bebê no colo.

- Com licença - A empregada aparece na sala - Você tem visita, Eliza. A pessoa não quis entrar.

- Tudo bem. - Eliza se levanta. - Tome, fique com Bryan. - Ela entrega o bebê para a empregada e sai.

...

O dia está favorável, não está tão abafado, o sol brilha forte no jardim, porém um vento gostoso prevalece, balançando as folhas das árvores. Eliza passa pelo caminho de pedras, embaixo de uma sombra gostosa. Mas para sua surpresa, assim que para, vê alguém virado de costas pra ela, com as mãos nos bolsos.

- Oh, céus! Damien. - Eliza exclama o nome de Damien, e coloca as mãos sobre a boca, de forma assustada, ela conheceria aquela silhueta em qualquer lugar do mundo.

O rapaz se vira assim que ouve seu nome sendo chamado por ela em voz alta. Eliza vê o loiro abrir um enorme sorriso com aquele jeito único de sempre. Está lindo, e tão diferente. Usa um boné branco, devido ao sol que faz na cidade, uma camisa cinza, larga e jeans. Ela nota o quão visível está por parecer mais forte do que antes.

Aquela visão fez o coração de Eliza acelerar de um jeito que ela nunca sentiu. Depois de tudo, Damien finalmente está bem ali na sua frente, como ela tanto desejou.

- Olá pequena! - Damien de aproxima dela, com voz calma, caminhando em sua direção.

Porém, Eliza não se controla e corre ao seu encontro, tinha pressa em tê-lo finalmente em seus braços. Então seus corpos se unem em um abraço gostoso e apertado que só ele sabia dar, Eliza encosta a cabeça em seu peito macio, enquanto o aperta também com toda a sua força. Sentir seu cheiro bom e o calor de seu corpo novamente, é tudo. Damien acaricia os cabelos dela com o jeito carinhoso de sempre. E ela já sente seus olhos embaçados.

- Eu estou sonhando! - diz ela ainda de olhos fechados.

- Vamos ver se está mesmo...

O rapaz abaixa mais a cabeça e levanta o queixo dela, deixando um selar leve e demoradamente, gostoso nos lábios de Eliza.

- Eu não ia conseguir estar perto de você e não fazer isso. - Declara ele deixando um sorriso cheio de malícia tomar sua face.

Eliza não esperava. E quando ele se afasta, sorri mais divertido com a reação dela, piscando rápido em sua direção. Tentou disfarçar, mas ainda sente a maciez de seus lábios quando tocou os dela, lhe causando um pequeno arrepio. E como fazia tempo que não sentia isso!

- Éh!... Eu n-não estou mesmo sonhando - diz ela, ainda paralisada. - Quando chegou?

- Há três dias, estava ajeitando um lugar para ficar por enquanto, e consegui um por aqui bem pertinho de você!

- Que ótimo! Estou ansiosa para que conheça nosso filho - Ela o puxa pela mão. - Minha mãe vai amar te conhecer também!

- Liza, espere! - Ele permanece no lugar, fazendo Eliza parar, estranhando sua reação. - Eu não quis entrar, porque não sei qual será a reação de seu pai, eu não sei se devemos evitar isso por enquanto.

- Mas agora ele não está. - Ela o encoraja.

Então eles entram, Eliza ainda está agarrada a mão grande e macia do rapaz. Ela sente-se flutuar de felicidade.

- Mãe!... - Eliza pára na entrada da enorme sala e sua mãe se vira - Veja quem está aqui! - Ela sorri animada.

- Oh! Mas... - Lara se levanta devagar já o reconhecendo por causa das fotos e desenhos. - É Damien!

Ele fica a olhando com um sorriso discreto e Lara percebe que ele é realmente muito bonito.

- Nice to meet you! - ( É um prazer em conhecê-la!) - diz o rapaz com simpatia.

'Essa será a língua que Damien vai se comunicar com os pais de Eliza'

- Manuela! Traga o bebê, por favor, o pai dele quer conhecê-lo! - Eliza chama a empregada com animação.

Damien observa ele se aproximando, já sentindo certa euforia tomar seu coração acelerado no peito.

- Pegue ele, Dam! - Eliza o encoraja.

- Tudo bem.

Damien estica os braços devagar ainda receoso em não saber como pegá-lo direito. Suas mãos são grandes, Bryan pareceu tão pequeno em seus braços.

- Ele é muito lindo!... Meu filho!...

Damien sorri, levantando ele na frente de seus olhos, observando até os pequenos detalhes de sua fisionomia, depois disso o trás para perto de seu peito novamente, o abraçando com carinho.

- Eu estava tão ansioso por isso! - diz ele, com voz baixa, passando o dedo nos olhos limpando uma lágrima que cai. Ele já não se contem.

Todos observam emocionados com sua reação. Ele deixa um beijinho singelo sobre a testa do pequeno. Mas de repente, a porta é aberta e Ronald chega em casa pegando todos de surpresa.

- Ah, não!! - Ronald entra depressa, ao ver um rapaz ali em sua sala com o seu neto nos braços, já imaginando de quem se trata. - O que pensa que está fazendo! Quem é você?

Damien fica receoso ao ver a expressão séria de Ronald. Eliza e Lara também se preocupam. Ronald caminha na direção de Damien e num movimento rapido, toma o bebê de seus braços. Damien é surpreendido ao ver Ronald tirar seu próprio filho daquela forma.

- Pai, não! Ele é Damien, o pai do meu filho! - avisa Eliza, se preocupando com a situação.

Damien pensou seriamente em impedir que Ronald lhe tirasse seu próprio filho de seus braços, afinal, ele tem mais direto sobre Bryan, do que Ronald. Porém ele pensa melhor e percebe que Ronald o tirou com tanta pressa que se ele fosse mesmo relutar, talvez machucasse seu bebê.

Seu sangue ferve de um jeito que ele nunca imaginou antes, é de seu filho que estão tratando e ele não vai se controlar mais caso, Ronald eleve a grosseria.
Ele já tinha se segurado muito quando via Eliza passar por maus momentos por causa dele, mas ele sempre tentou relevar, entretanto, ele já está no seu limite.

- Mas o que você pensa que está fazendo? - Damien tem os olhos tomados pela raiva, e estão fixos em Ronald. Ele não gritou, mas disse com voz firme. - Ele é meu filho! - ele encosta o dedo indicador em seu próprio peito com firmeza.

Eliza nunca viu Damien agir assim antes.

- Eu sou o dono dessa casa, o pai de Eliza, o avô de Bryan! Eliza sempre me disse que você é um rapaz educado, mas não estou vendo tanta educação assim. Como fala comigo com esse tom de voz?

- Eu posso estar na sua casa, mas nunca responderia a sua altura se o Sr não tivesse agido com tanta grosseira!

- Por favor Damien, se acalme! - Diz Eliza, com medo do pior.

Damien olha para Eliza ainda contrariado, mas logo abaixa a cabeça e respira fundo.

- Ok... - Ele fecha os olhos e tenta se acalmar, ele não ia conseguir resolver as coisas assim. - Sr Ronald. Eu sou Damien, o pai de Bryan eu vim para o Brasil para conversar com o Sr, e tentar nos resolvermos, quero que saiba que eu quero muito ter Eliza e meu filho comigo.

- Me desculpe, mas eu não tenho nada para conversar com um gringo! Eu não o quero perto da minha casa, nem de minha família. Agora por favor, queira se retirar de minha casa ou eu não respondo por mim! - Ronald foi direto.

- Pai, por favor! O senhor não pode impedir Damien de ver o filho dele, ele tem todo o direito! Eu achei que estava disposto a mudar! - Eliza lhe cobra, em voz alta.

- Sim filha, eu estou, mas por você e por meu neto, mas ele não é nada meu! Eles só causam problemas! Viu o que eles fizeram comigo? Depois de muito tempo eu consegui me reerguer. E com você? Teve que trancar o curso, e ainda ficou grávida e ele não esteve aqui quando você precisou! Agora ele vai levar você e meu neto para longe! - Ele se defende.

- Eu já lhe disse tantas vezes, que ele não estava aqui antes porque não pôde! E além disso eu não o procurei antes por causa de você! Tinha medo do que pudesse acontecer e na verdade tudo o que aconteceu em Paris não foi culpa dele e sim sua! - Eliza se altera.

- Viu só Eliza? Já estamos brigando de novo por causa dele! - Ronald olha para Damien - É só o que eles sabem fazer, acabar com os sonhos das pessoas, só eles podem ser os melhores, os donos do mundo!...

- Por favor Liza, é melhor você não dizer mais nada - interrompe Damien ao ver os dois discutirem. - Eu não vim para essa Cidade para causar discórdia entre vocês, pelo contrário eu vim para tentar resolvê-los.

- Você não sabe de nada! - Diz Ronald, cuspindo as palavras com os olhos nele.

- Escute Sr Ronald! Eu não sei mesmo.
Não sei o que realmente aconteceu com você há anos atrás e infelizmente eu só tenho a dizer que sinto muito...
Mas não foi eu quem fez mal ao senhor, eu também não imaginava me apaixonar por sua filha, mas aconteceu e eu a amo! Assim como amo meu filho! E eu quero tê-los perto de mim.

- Já chega! Eu não estou disposto a te ouvir dizer palavras bonitas aqui em minha casa, porque eu já não preciso mais disso. Eu só quero que você vá embora e nos deixe em paz! - Ronald se vira com seu neto nos braços, e caminha em direção das escadas. Damien dá um passo em direção dele ao ver ele se afastar e levar seu filho, ficando realmente aflito.

- Sr Ronald, eu sei que existem coisas que acontecem na nossa vida e fica gravado no interior de cada um e que às vezes, nunca vamos conseguir compreender. Eu respeito tudo o que o Sr passou, sei que precisamos de tempo para nos entendermos. Desde o dia que fiquei sabendo que sou pai, eu estive aflito e ansioso para estar perto dele.

Meu filho já está com mais de dois meses e eu não pude acompanhar a gestação, o dia do nascimento, e até mesmo os primeiros dias, e só agora eu consegui comparecer. Sei que quando sua filha nasceu você pôde estar junto e acompanhar tudo. E até agora ainda cuida dela com tanto esmero. Mas lembre-se que eu sou o pai de Bryan, eu também quero esse direito, por favor, não o tire de mim! - Seus olhos vão sendo tomados pela tristeza.

Mas Ronald não baixou a guarda e segue firme.

- Pai, o senhor não vai acatar o pedido de Damien? Ele só quer ter seu filho por perto! - Eliza também sente-se triste. Mas Ronald segue decidido.

- Ja chega! Eu já me cansei de tudo isso - Lara não aguenta esperar por Ronald - eu já não aguento mais, ou você entrega o filho para os pais ou eu...

- Não, Dona Lara! - Damien a interrompe - A última coisa que eu queria era agir forçadamente, eu vou embora por enquanto e espero que ele pense melhor em tudo isso, senão eu terei sim que usar de forças maiores - termina Damien e logo se vira e sai apressado. Eliza segue atrás dele.

- Espere, onde você vai, Liza? - Ronald chama, mas Eliza não dá ouvidos.

- Damien, espera! - Eliza corre ao encontro de Damien, o fazendo parar e se virar para ela, então ela o olha por alguns segundos, depois o abraça forte. - Acalme-se, meu amor! Você vai vêr seu filho, eu prometo! - Eles se afastam e se olham, profundamente. - Logo estaremos juntos. - Ela olha triste.

- Sei que você pode Liza, eu só não queria causar tantos conflitos na sua família, você sabe - avisa ele desanimado.

- Eu sei disso, mas se acalme, primeiro vamos dar um jeito de você ver seu filho o tempo que quiser, o restante nós vemos depois.

- Obrigado! - Damien sorri de leve e puxa Eliza para mais um abraço apertado. Eliza desejou que aquele abraço durasse para sempre. Mas sabe que ele tem que ir.

- Até logo....

Damien se vira caminhando devagar.

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